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quarta-feira, 1 de julho de 2009

A CULTURA DO SLOW DOWN - belo artigo...


Leia com atenção e medite o seu conteúdo.
Já tem 18 anos que ingressei na Volvo, empresa sueca bem conhecida.
Trabalhar com eles é uma convivência interessante. Qualquer projecto demora dois anos para se concretizar, mesmo que a ideia seja brilhante e simples.
Os processos globalizados causam-nos a nós (brasileiros, portugueses, argentinos, colombianos, peruanos, venezuelanos, mexicanos, australianos, asiáticos, etc...) uma ansiedade generalizada na busca de resultados imediatos.
O nosso sentido de urgência não surte efeito dentro dos prazos lentos dos suecos.
Os suecos debatem, debatem, realizam "n" reuniões, ponderações, etc...
E trabalham! Com um esquema bem mais “slowdown".

1. A Suécia é do tamanho do estado de São Paulo (Brasil).

2. A Suécia tem apenas dois milhões de habitantes.

3. A sua maior cidade, Estocolmo, tem apenas 500.000 habitantes (compare-se com Paris, Londres, Berlim, Madrid, mesmo Lisboa, onde vivem permanentemente 1 milhão de pessoas, ou ainda a cidade do Rio de Janeiro com 9 milhões).

4. Empresas de capital sueco: Volvo, Skandia, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare , etc. Para ter uma ideia da sua importância, basta mencionar que a Volvo fabrica os motores de propulsão para os foguetes da NASA.

Vou contar uma pequena história.

A primeira vez que fui para a Suécia, em 1990, um dos meus colegas suecos me apanhava no hotel todas as manhãs.
Já era Setembro, com algum frio e neve.
Chegávamos cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2000empregados que vão de carro para a empresa).
No primeiro dia não fiz qualquer comentário...
Num dos dias seguintes, com um pouco mais de confiança, perguntei:

"Vocês têm lugar fixo para estacionar?
Chegamos sempre cedo e com o estacionamento vazio você estaciona o carro no seu extremo?
E ele me respondeu com simplicidade:

“É que como chegamos cedo temos tempo para andar, e quem chega mais tarde, já vai entrar atrasado, portanto é melhor para ele encontrar um lugar mais perto da porta. Entendeu?"

Imaginem a minha cara! Esta atitude foi bastante para que eu revisse todos os meus conceitos anteriores.

Actualmente, há um grande movimento na Europa chamado "Slow Food". A “Slow Food International Association”, cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede na Itália (o site na Internet é muito interessante. www.slowfood.com)
O que o movimento Slow Food preconiza é que se deve comer e beber com calma, dar tempo para saborear os alimentos, desfrutar da sua preparação, em família, com amigos, sem pressa e com qualidade.
A ideia é contraposição ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida.
Na base de tudo isto está o questionamento da "pressa" e da "loucura" geradas pela globalização, pelo desejo de "ter em quantidade" (nível de vida) ao contrário do "ter em qualidade", “Qualidade de vida" ou “Qualidade do ser".
A denominada "slow attitude" está chamando atenção dos próprios americanos, escravos do "fast" (rápido) e do "do it now!" (faça já!).
Portanto, esta "atitude sem pressa" não significa fazer menos nem ter menor produtividade.
Significa sim, trabalhar e fazer as coisas com "mais qualidade" e "mais produtividade", com maior perfeição, com atenção aos detalhes e com menos stress.
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do prazer dum belo ócio e da vida em pequenas comunidades.
Do "aqui" presente e concreto, ao contrário do "mundial" indefinido e anónimo.
Significa retomar os valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver...
SIGNIFICA UM AMBIENTE DE TRABALHO COM MENOS PRESSÃO, MAIS ALEGRE, MAIS LEVE, E PORTANTO MAIS PRODUTIVO, ONDE OS SERES HUMANOS REALIZAM, COM PRAZER, O QUE MELHOR SABEM FAZER.

Será que os antigos provérbios: “Devagar se vai ao longe" e “A pressa é inimiga da perfeição" merecem a nossa atenção nestes tempos de loucura desenfreada?

Não seria útil e desejável que as empresas da nossa comunidade, cidade, estado ou país, começassem já a pensar em desenvolver programas sérios de “qualidade sem pressa" até para aumentarem a produtividade e a qualidade dos produtos e serviços sem necessariamente se perder “qualidade do ser"?
Muitos vivem correndo atrás do tempo, mas só o alcançam quando morrem, quer seja de enfarte ou num acidente automobilístico por correrem para chegar a tempo.
Ou outros que, tão ansiosos para viverem o futuro, esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que realmente existe.
Tempo é o mesmo para todos, ninguém tem nem mais nem menos de 24 horas por dia.
A diferença está no que cada um faz do seu tempo. Temos de saber aproveitar cada momento, porque, “A vida é aquilo que acontece enquanto planeamos o futuro".

Parabéns por ter conseguido ler esta mensagem até ao fim.
Certamente haverá muitos que leram só metade, para "não perder tempo" tão valioso neste mundo globalizado.

3 comentários:

  1. Lucia, essa tela é maravilhosa, gosto da textura e das cores...parabéns!
    Bjs

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  2. Lucia,

    Vi a sua breve demonstração no Programa do Manuel Luis Goucha e achei realmente espectacular várias situações: a mais importante, o amor com o marido, mas sobretudo aquela mesa feita com o pneus deixaram-me fascinada.
    Os meus Parabéns...o seu optimismo fascinou-me...
    Obrigado...passei a ser sua fã...é realmente uma obnra de arte aquela mesa que apresentou.
    Vou visitando o seu site...Não deixe de dar notícias.

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  3. Vi-a hoje no programa do Goucha e da Cristina na TVI e gostei muito do seu trabalho, além de a achar uma pessoa encantadora. E este seu post deu-me muito que pensar. Parabéns e vá em frente!

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